SOMOS UM CORPO EM MOVIMENTO

Queridos irmãos e irmãs, esta manhã foi nos dado saber a nomeação de D. Wilson Tadeu Jönk, SCJ - então Bispo auxiliar de nossa Arquidiocese - para o governo da Diocese de Tubarão em Santa Catarina. Certamente uma benção para este povo que, desde a apresentação da renuncia do Bispo anterior no último setembro, aguardava que a Igreja lhe enviasse um novo pastor.

É certo que, pelo menos aqueles que tiveram a oportunidade de trabalhar mais próximo de D. Wilson aqui no Rio de Janeiro, sentirão sua falta, pois foi um tempo cheio de peculiaridades. Por parte dele porque inciava aqui sua primeira experiencia Episcopal, viveu seu primeiro contato com o povo como Bispo aqui neste local, foi conosco que deu seus primeiros passos, e se houveram acertos e erros, nós os pudemos celebrar junto com ele.

De nossa parte, a maioria de nós pode viver aqui na Arquidiocese pela primeira vez uma proximidade pastoral com um Bispo, que, e por um lado desmistificou a figura do Pastor e nos apresentou sua face humana e encarnada, por outro parece, justamente por isso, ter-nos feito ama-lo de forma ainda mais intensa.

Parece que podemos compreender ai o mistério da encarnação. Deus quer que o homem o ame, porque é bom para o homem amar a Deus e por isso Ele (Deus) se faz homem, se encarna, e quanto mais próximo do homem, quanto mais parecido com o homem, mas Ele é Deus e mais o homem se apaixona por Ele.

Em nossa vida somos chamados a também viver este mistério de encarnação, de criar na vida das pessoas a oportunidade de ter acesso a Deus.

Hoje conversei com alguns irmãos, fiz questão de ligar para falar do acontecido e ajudar a refletir este momento. Isso, porque fui educado no meio de uma Congregação Religiosa, por sinal, a que D. Wilson faz parte, e aprendi a conviver com a criação de laços de amizade com inúmeras pessoas, religiosos e leigos também, por outro lado fui levado a conviver com muitas rupturas, foram muitas pessoas que entraram e sairam do meu convivio diário e isso sempre causou e causa dor. Não é fácil lidar com a distância, é preciso amadurecer para compreende-la, é preciso saber dar sentido a ela e aproveitar desse sentido para nutrir a nossa própria vida, nossa própria história.

A Igreja me ensinou que o Espirito a faz ficar constantemente em movimento e esse movimento acontece na vida de cada membro do seu corpo. Somos membros desse corpo, e se nos dispomos ao Espirito, Ele é quem se encarregará de nos enviar para um lado ou para outro, segundo a necessidade da Igreja. Lembramos aqui a conversa de Jesus com Nicodemos, onde Ele o diz que aquele que nasceu do Espírito não sabe de onde vem, nem para onde vai.

Por outro lado, vale lembrar que as relações cristãs devem ser na sua essência Eucaristicas, o Cristão quando faz uma amizade não o faz para si, mas sempre em função de algo que talvez nem Ele mesmo saiba o que é. Amizades Eucaristicas são aquelas que se deixam imolar em favor do Reino de Deus.

É claro, que esse é um carater mistico, e justamente por ser mistico esta fora do tempo e do espaço, não conhece limites, logo, a pessoa que experimenta essa mistério, encontra-se com a verdade de que ninguém perde ninguém, e ninguém esta distante de ninguém, apenas estamos nos conhecendo e nos dando a conhecer uns pelos outros, estamos partilhando das nossas vidas e da vida daqueles que amamos e isso nos faz um só corpo em movimento. Aqui ou em Tubarão, ou no Vaticano, ou na China, somos um só corpo em movimento.

Pensar diferente disso queridos é possivel, mas não é pensar como Igreja, se pensamos diferente pensamos somente em nós mesmos e em nossas necessidades e não nas necessidades da Igreja.

Vou para a minha aula de Estética Filosófica agora depois volto, quero continuar essa reflexão.